Os vereadores de São Caetano aprovaram nesta sexta-feira (5), em duas sessões extraordinárias, e de forma unânime, reajuste salarial aos servidores municipais das autarquias, Prefeitura, Câmara e aposentados. O índice está abaixo da inflação acumulada nos últimos 12 meses, de 5,53%.
O governo do prefeito Tite Campanella (PL) e o Legislativo presidido por Carlos Humberto Seraphim (PL) concedem apenas 5,06% divididos em duas vezes.
A primeira parte do reajuste é retroativa a abril e a segunda está programada para julho.
Grupo de servidores reunidos na Câmara reclamaram e até bateram boca com os vereadores, mas nada adiantou. O reajuste por eles foi considerado como “migalha”.
Tite justificou no projeto, que a recomposição salarial abaixo da inflação oficial está atrelada às “dificuldades financeiras” pela qual a cidade passa. Vale lembrar que São Caetano tem um rombo nos cofres públicos de quase R$ 1 bilhão e fechou o primeiro quadrimestre com déficit de R$ 18 milhões, mesmo sem “bater um prego” ou promover mudanças significativas.
O prefeito, mesmo pressionado por servidores pelos baixos salários, e pela população pela falta de qualidade dos serviços, afirmou que o reajuste proposto é “o maior da região do ABC”. Entretanto, São Caetano é a menor cidade em termos territoriais, tem apenas 160 mil habitantes e orçamento estimado superior a R$ 2,5 bilhões só para este ano.
A cesta básica terá valor máximo de R$ 404, e segundo os projetos, nenhum servidor público poderá ganhar menos que R$ 2.898,40, valor insuficiente para, por exemplo, pagar aluguel na cidade.
Os parlamentares e Tite não demonstraram compaixão ao atrasarem em três meses a concessão do reajuste. Mesmo oferecendo quase nada de elevação salarial para quem de fato faz a cidade funcionar, no ano passado foram rápidos e aprovaram 76,31% de aumento nos ganhos do prefeito. O novo valor passou a valer em 1° de janeiro. Tite tem um contracheque de R$ 35.262 ante os R$ 20 mil recebidos pelo seu antecessor e padrinho político José Auricchio Júnior (PSD). Vale lembrar que Tite ainda enquanto vereador votou favorável ao aumento.
Mas, engana-se quem acha que só o prefeito teve reajuste exorbitante. O percentual foi aplicado nos subsídios do vice-prefeito e secretários.
O pacote de maldades com os servidores, que seguem desvalorizados, e muitas vezes em ambientes de trabalho inadequados, tem um passado temeroso. Em 2023, além dos parlamentares aprovarem o aumento de cadeiras de 19 para 21, 13° salário e férias remuneradas, os ganhos mensais foram reajustados em quase 45%, saltando de R$ 10.021,17 para R$ 14.500,00.
