Suposto fura-fila na Saúde pode estar contribuindo com caos no setor em São Caetano

A cidade de São Caetano nos últimos anos se tornou referência em notícias negativas. As gestões José Auricchio Júnior (PSD) e Tite Campanella (PL) têm abastecido as redações jornalísticas. E um caso denunciado há seis anos, supostamente ocorre até hoje.

A CBN, emissora de rádio do grupo Globo, trouxe em sua programação de 12 de agosto de 2019 a seguinte reportagem: Prefeitos do ABC acomodam mais de 150 aliados em fundação que fura fila no SUS.

Em São Caetano, a reportagem investigativa teve como alvo o vereador Edison Parra, na época filiado ao PSB e hoje no Podemos, vice-presidente da Câmara e aliado de Auricchio.

O repórter procurou o gabinete do parlamentar pedindo ajuda para um suposto sobrinho com graves problemas de saúde. Em meio a conversa, um assessor não identificado, diz que a família poderia ficar despreocupada, uma vez que, não seria necessário aguardar meses para atendimento. Na sequência, uma assessora, apontada pela CBN como sendo Mercedes Acerbi. Na gravação ela diz: “ano que vem é ano de eleição. Reze por nós”. A fala, supostamente sugeria ajuda em troca de voto.

Após o escândalo, Mercedes continuou no gabinete do vereador por mais algum tempo. Atualmente, ela ocupa cargo de assessor II no Centro da Terceira Idade Benedicto Djalma Castro, unidade ligada à secretaria de Saúde.

Apesar de não integrar mais o gabinete do parlamentar, a movimentação de Mercedes dá indício de que a oposição de Parra ao atual governo talvez não seja tão real.

O salário bruto mensal da comissionada é de R$ 10.216,94.

Entretanto essa história tem outros elementos obscuros. A mesma reportagem da CBN trouxe uma lista com centenas de pessoas com apadrinhamento político lotados na Fundação do ABC, que fazia e ainda faz gestão de uma série de equipamentos públicos na região do ABC. A Organização Social de Saúde é financiada pelas prefeituras de Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul.

Na época das denúncias, Giovana Munhoz, esposa do vereador Munhoz (antes no PPS e hoje no Progressistas) ocupava cargo estratégico em unidade de Saúde em São Caetano, mas era contratada da FUABC e supostamente seria uma das facilitadoras dentro do esquema de fura-fila da saúde.

Atualmente, Giovana é diretora do Atende Fácil Saúde e tem salário bruto de R$ 26.799,12.

Na época, as comissionadas estavam subordinadas a duas mulheres poderosas na gestão Auricchio e agora no governo Tite.

Em 2019, Adriana Berringer, era diretora da Saúde, braco-direito da secretaria de Renina Maura (PSD).

Hoje, a dupla tem muito mais poder. Regina é vice-prefeita e Adriana secretária de Saúde.

Os elos desta história se fecham em mais um ponto. Meses após a denúncia da CBN, Adriana Berringer assumiu a presidência da FUABC.

Diante do caos na saúde de São Caetano com encerramento do expediente noturno nas unidades básicas, superlotação na Unidade de Pronto Atendimento e no Hospital de Emergências Albert Sabin, falta de médicos em toda a rede, meses de espera para conseguir uma consulta em especialidades médicas, realizar exames ou cirurgias, estariam vereadores se aproveitando destes problemas para retomarem um suposto esquema de fura-fila e beneficiar uma pequena parcela de moradores em troca de votos e apoio político e prejudicar uma massa de pessoas dignas que não se humilham diante de poderosos para terem acesso a um direito constituído?

Relatos de moradores sobre o “famoso jeitinho” para conseguir qualquer coisa na saúde não são raros. Tais procedimentos precisam ser rigorosamente apurados.

São Caetano merece respeito e uma saúde de primeiro mundo.

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